Vendo a sobrevivente furtivamente fugindo, a pequena sensação de poder tanto me elevava, quanto me incomodava. Eu havia acabado de inundar um formigueiro inteiro com a mesma mangueira que regava as flores do quintal.
Um fluxo de pensamentos tomou conta de minha mente. “Sou tão poderoso comparado a elas” “Posso não ser muito, mas a elas eu sou superior.”
Entretanto, esses pensamentos se desfizeram com a rapidez que se formaram. Deram o lugar para questões que me acompanhariam por muito tempo. “Se sou tão poderoso, deveria eu manter a segurança dos menores?” e “Se sou tão superior, por qual motivo escolhi matá-las ao invés de protegê-las?” “Embora menores, existe algo que posso aprender com elas?”
Logo percebi que as formigas estavam ali quietinhas exercendo seu papel no ciclo. Trabalhando juntas e levando somente o necessário. Só me machucariam se a segurança delas estivesse comprometida.
Ao notar tais coisas, me senti ainda menor do que elas. Eu havia acabado de matar inúmeros seres superiores.